segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Poor: LeonardoVicent Parte 3

Estranhos: Medo Sombrio

Capítulo – 03

    Naquele momento tudo que senti há minutos atrás desapareceu, as dores, o mal estar e o medo. O Henrique estava em pé parado, um olhar distante... Eu estava sentado e encostado em uma árvore, ficamos em silêncio durante um tempo. Parecia loucura estar ali com o cara que eu tinha medo, com ele que rondava minha casa durante esses dias que cheguei aqui, eu tinha que correr e não ficar sentado esperando ele falar alguma coisa. Será que ele é confiável a ponto de ficarmos sozinhos? Eu estava diante de descobrir uma pergunta que me torturava dês do dia que cheguei e o vi olhando para mim encostado naquela árvore. ­ −O que ele queria comigo?
− Acho que me precipitei, mas não importa. Ele pareceu confuso.
− O que você quer comigo?
− Você não acha estranho, as coisas que aconteceram com você, imagens, medos, perguntas e perguntas?
− O que você quer dizer com isso? Eu ainda estava confuso, como sabia de coisas que eu sentia?
− Ben, olha nos meus olhos.
    Olhei para seus olhos e sua pupila delatou-se escondendo o branco dos olhos e em segundos o dia virou noite, eu estava em um pântano, o nevoeiro começou a surgi e não consegui ver nada que havia em minha frente, andei colocando as mãos para frente procurando não bater nas árvores, percebi vultos, mas eram muito rápidos e um medo desconhecido começou a surgir, ouvi gritos e virava de um lado para o outro a procura de onde vinham os sons, comecei a correr desesperado a procura de uma luz, de uma saída, parecia um daqueles pesadelos onde você faria de tudo para acordar, mas não conseguia, parei de correr e o nevoeiro desapareceu, vi um lago a minha frente e caminhei em direção a ele e me arrependi de ter feito isso, havia cinco corpos, quatro garotos e uma garota todos aparentavam ter seus 16, 17 anos. Uma ventania começou, as águas do lago começaram a formar redemoinhos pequenos e grandes e em seguida o lago estava todo congelado. – Impossível. Gritei. Ouvi estalos como se as árvores estivessem caindo, virei rapidamente e estavam pegando fogo, caindo uma por uma, como era possível? De repente alguém me empurrou e cai de joelhos, puxou meu cabelo e bateu minha cabeça no lago congelado, uma, duas três vezes senti o sangue escorrer pelo meu rosto. Por que não conseguia gritar, nem me defender. O estranho deu um murro no gelo, quebrando uma parte.
− O que você quer aqui? Perguntou, mas eu não conseguia responder, ele colocou minha cabeça na água tentando me afogar, aquilo era agonizante ele tirava e colocava minha cabeça na água, várias e várias vezes. – O que você quer aqui!
− Eu não sei! Consigo gritar. Ele então, me vira e enfia sua mão do lado esquerdo do peito, arranca meu coração e me joga no lago que agora não está mais congelado e então fico boiando junto com os outros corpos desconhecidos.
    Abro os olhos e não consigo distinguir aquele pesadelo, foi tudo tão real, macabro e não sabia mais em que pensar. O pântano, o lago e os cinco corpos, aquilo pareceu tão surreal, o garoto estranho que não conseguir ver seu rosto, olho para o Henrique e ele sorri, será que ele era o garoto que arrancou meu coração e me jogou no lago? Eu estava correndo perigo?  
− Gostou do que viu? Pergunta ironicamente.
− O que você fez comigo? Eu quase grito.
− É isso que queria te contar Ben. Ele me observa e continua. – Existem pessoas anormais em nosso mundo, com poderes sobrenaturais e isso que acabou de ver, fui eu que causei essa ilusão.
− Está me dizendo que foi você que causou esse pesadelo? Eu estava incrédulo.
− Sim, não só esse pesadelo, como os medos que você sentiu a dor de cabeça, tudo. Ele deu uma pausa olhando para mim. – Aquilo que você sentiu na parada do ônibus, também fui eu que provoquei.
− Por que fez isso? Eu te fiz alguma coisa! Como alguém poderia ser tão cruel com uma pessoa, só alguém sem coração para fazer isso, ver o mal, dor, medo de um ser humano e gostar desta sensação.
− Eu pensava que você era igual a mim. Ele parecia sentir culpa pelo que fez.
− Igual a você? Está louco! Eu estava ficando louco ou o quê, isso era impossível.
− Ben, me desculpa. Como disse eu me precipitei, mas é que você está perto do seu décimo sétimo aniversário e vai se tornar um de nós. Ele me encarou.
− O quê! Eu vou ser igual a você? Como assim?
− Ben, você é filho de um dos 27 guardiões da terra.
− Henrique! Que brincadeira sem graça é essa? Que loucura era essa, de me tornar um anormal aos 17 anos, mas isso que ele acabara de me fazer ver, esse pesadelo sombrio era com certeza sobrenatural e uma pessoa normal nunca faria isso e odiava admitir que ele esta falando a verdade.
− Você quer ou não saber da verdade? Ele ainda me encarava.
− Sim. Foi apenas o que consegui dizer.
− Em 1143, a terra estava ameaçada por guardiões sombrios que tinham armas poderosas que poderiam destruir o mundo, não se sabe como eles conseguiram aquelas armas, mas esses guardiões matavam as pessoas por prazer, grupos de amigos que saiam e encontravam esses guardiões eram torturados e mortos e milhões de pessoas morreram assim de modo agonizante, as pessoas evitavam sair de casa e quando saiam, tinham a certeza de que poderiam não voltar mais. Ele deu uma pausa e continuou. −Muitas morriam de fome, sede e doenças por não ir ao hospital ou comprar medicamentos, foi um ano de muita dor e sofrimento. Pessoas se matavam ou matavam inocentes pensando que eram guardiões sombrios. Pude ver em seus olhos a angustia dele em falar aquilo.
− Só que neste mesmo ano 27 jovens de toda a terra completavam 17 anos no mesmo dia, mesma hora, mesmo minuto e mesmo segundo, e estes 27 jovens foram possuídos por poderes sobrenaturais, e foi dada uma missão a eles. – Reunirem os 27 em um mesmo lugar. Lá eles aprenderam a usar seus poderes de fogo, água, vento, gelo, terra, agilidade, tele transporte, choque e vários outros. Treinavam dia à noite, escondidos dos guardiões que havia por toda a terra, eles procuravam lugares onde jamais os guardiões achariam e pântanos em época de nevoeiros eram um dos melhores lugares, pois podiam se esconder e eles nunca achariam. Nestes esconderijos eles aprendiam ataques e defesas em grupo, lutavam entre si para se aperfeiçoar. Em 1144 eles decidiram dar um basta nessas mortes e se separaram em grupos, mandando cada grupo pra um continente para lutar e matar todos os guardiões sombrios. A união deles fez com que nenhum morresse, destruindo todos os guardiões sombrios que havia na terra, uns se rederam outros se mataram e assim os 27 guardiões conseguiram colocar paz na terra outra vez. – Mas os humanos normais nunca souberam quem eram os guardiões e como conseguiram isso. Os 27 jovens prometeram que nunca um humano saberia a verdade sobre eles e viveriam como humanos normais, mas se houvesse algo novamente como o ocorrido eles voltavam a se reunir e protegeriam a terra até a morte. – Só que o que eles não sabiam era que seus filhos nasceriam com o legado deles e com um pequeno detalhe quando completassem 17 anos o poder do pai passaria para o filho, não o mesmo poder, mas outro desconhecido. E os filhos deveriam seguir o legado que foi dado naquele ano de 1143 protegerem a terra e ser um dos 27 guardiões. – Só que não foi tão simples, havia uns guardiões egoístas que não queriam perder o poder e não tinham filhos ou matavam seus próprios filhos quando sabiam do legado, mas quando morriam seu poder era passado para a criança mais próxima de onde ele estava que nascesse na mesma hora, minuto e segundo que o Guardião morria. E assim décadas e séculos se passaram e aqui estamos nós os novos guardiões da terra.
− Então eu sou um futuro guardião da terra. Aquilo parecia mais um filme de terror ou aventura e eu estava nele e não sabia mais de nada sobre toda minha falsa existência até agora. Diante do que acabara de escutar eu serei um garoto com 17 anos tendo habilidades sobrenaturais, onde teria o “legado” de proteger a terra até a morte.
− Isso, e eu estou aqui para te ajudar Ben e tirar todas as suas duvidas.
− Henrique, então quer dizer que o meu pai...
− Não! O seu pai de “poder” morreu.
− Por isso eu não sabia de nada até agora certo?
− Pode se disser que sim, muitos dos pais guardiões esperavam o filho possuir o poder para contar toda a história e o legado. Outros morriam antes de seus filhos completarem 17 anos, então quando eles chegavam ao seu décimo sétimo aniversário, outros guardiões vinham a sua procura e contavam tudo, era mais difícil uns entendiam outros não...
− Vocês sabem quem são os filhos dos guardiões? Eu o interrompi.
− Sim e não. Ele suspirou e continuou. – Quando um de nós usa o poder, e existe um guardião naquele lugar, ele vai saber que existe outro guardião e vai atrás e tenta descobrir quem é. Não é difícil descobrir por que nós tentamos nos esconder, agirmos de maneira diferente dos outros, tentamos decifrar as pessoas, procuramos defeitos anormais onde um ser humano normal não faria isso, então quando desconfiamos de uma pessoa vamos lá e usamos nosso poder de controlar a mente, mostrando coisas em sua mente, se conseguir a pessoa é humana se não, ela é uma de nós. – Com os filhos dos guardiões que ainda não são, sentimos a presença no meio de várias pessoas, como você, eu senti que você havia chegado à cidade e fui a sua procura, só que deduzi que era você quando fui impedido de causar dor e medo durante o tempo que queria isto só acontece com os filhos que ainda não possuíram o legado. Eles são... Ele deu uma pausa gesticulou com os dedos aspas. – “Protegidos.”
− Então, você pode fazer isso de controlar a mente durante o tempo que queria? Inacreditável.
− Sim.
− Existem mais guardiões aqui em Orlando? Por mais que não quisesse ser um guardião precisava saber se existem mais nesta cidade, só por precaução.
− Sim, e eu queria saber isso de você. Ele pareceu decepcionado.
− Como assim Henrique? Até agora os únicos estranhos que conheci era ele e o grupo estranho da sala, mas o único que havia me perseguido tinha sido o maluco do Henrique e eu estava diante dele neste exato momento, então não sabia quem mais poderia ser um anormal.
− Quando resolvi te torturar sua mente na parada, achava que você sabia dos guardiões da terra, então deduzi que pegaria o mais fraco onde eu poderia descobrir quem são os outros. Por isso disse que tinha me precipitado.
− Mas você não tem idéia de quem seja? Se ele me achou, então poderia achar os outros.
− Ben, não existe só um guardião aqui em Orlando. Existem sete.
− Sete guardiões aqui! Não acredito! Eu estava rondado por sete jovens iguais ao Henrique, nossa!
− Por isso nós estamos aqui, para saber quem são e por que estão os sente em um mesmo lugar.
− Você disse... “Nós,” nós quem? Eu estava numa cidade que haviam oito guardiões, quer dizer que o nós dele se referia a mais guardiões em Orlando?
− Eu, Ana e Thiago, eles também são guardiões.
− Dez guardiões em um só lugar. Interessante. Eu não sabia o que pensar, falar ou fazer. O crepúsculo começou e eu teria que ir pra casa antes do meu pai chegar, mas eu tinha mais perguntas, só que naquele momento já estava de bom tamanho o que acabara de escutar.
− Desculpa por tudo que fiz, é serio. Henrique pareceu verdadeiro.
− Está desculpado, mas prometa que não mais vai fazer isso. Eu o encarei.
− Prometo, mas quero que sejamos amigos. Ele deu uma pausa longa. – Amizade é uma palavra nova para mim, então colegas e que eu possa te ajudar no que você precisar. Ele sorriu.
− Amigos ou colegas, temos muito que conversar até que meu décimo sétimo aniversário chegue. Aquilo que tinha acabado de dizer não concordou muito com meus pensamentos, eu não queria ser um guardião e isso não podia deixar claro agora, só depois de saber mais coisas sobre esse tal legado.
− Posso passar na sua casa amanhã, para irmos juntos à escola?  Ele mordeu os lábios.
− Sete da manhã, não se atrase. Sorri e fomos até a parada esperar um táxi.
    Assim que cheguei, Elide me esperava sentada no sofá.
− Desculpa a demora. Falei.
− Eu estava esperando você chegar para ir, quase liguei para seu pai. Eu fiz uma careta. – Mas achei que estivesse fazendo algum trabalho escolar. Ela sorriu.
− Isso, eu estava fazendo um trabalho, Obrigado. Ufa!
− O jantar está pronto é só esquentar. Ela sorriu. – Até amanhã e coloquei o despertador para você não perder a hora outra vez.
− Obrigado de novo e até amanhã. Sorri e subi as escadas.
    Tomei um banho e fui direto para a cama, fiquei pensando em tudo que acontecera hoje, como era possível tudo aquilo ser verdade. Poderes sobrenaturais, 27 guardiões da terra e dez deles aqui em Orlando, eu prestes a virar um deles e não quero isso para mim ou quero? Meu pai de “poder” morreu e meu pai de sangue não sabe que o filho dele esta prestes a se tornar um guardião, meu pai e único melhor amigo, não posso contar nada para ele, por que sei que ia me chamar de doido ou iria ri da minha cara. Kaique e Liza meus novos amigos, o que diriam se eu falasse que era um guardião da terra e teria poderes sobrenaturais aos 17 anos. Os medos que tinha desapareceram, mas as dúvidas continuavam a martelar minha mente. Como será amanhã quando acordar? Será que vou pirar? Como será daqui a quatro meses quando fizer meu décimo sétimo aniversário? Queria que tudo isso fosse apenas um sonho, mas sei que não é.
    Acordei com o despertador que Elide colocara, eu pegara no sono pesado pela primeira vez desde que cheguei aqui. Sem insônia, sem medos e sem estranhos para tirar meu sono. Levantei da cama disposto e fui tomar um banho. Senti que estava “morto de fome,” também não havia comigo nada ontem, alias nem senti fome, depois de tudo aquilo como sentiria? Quando desci já pronto com minha mochila, meu pai estava na mesa tomando café.
− Bom dia Pai. Sorri.
− Bom dia, pela primeira vez vi que dormi bem não foi? Ele me observou.  
− Sim, que noite. Dei uma pausa e peguei um copo. – Ontem cheguei, tomei um banho e cama.
− Chegou tarde ontem? Teria que me explicar então nada melhor do que falar uma mentirinha, se não lá viriam os interrogatórios.  
− Estava fazendo um trabalho, com uns colegas. Tinha que concretizar minha mentira de ontem.
− Então o colégio está bem não é.
− Está sim, hoje vou com um colega para o colégio. É apesar de tudo que acontecera ontem eu estava vivo, mas ainda pensativo sobre ter um “pai de poder” e ser um guardião que nem sei se quero isso para mim.
− Que bom que fez amigos Ben.
− Essa hora teria que chegar não é. Coloquei o suco no copo, tomei um pouco e peguei uma torrada.
− O que acha de sairmos esse fim de semana? Ele pareceu empolgado.
− Sair, acho uma boa ideia. Seria ótimo me distrair este fim de semana, nunca tive uma semana de tantos mistérios em minha existência, nada melhor do que estar com meu pai e esquecer-se de tudo o que acontecera até agora.
− Estava pensando em irmos num festival que vai ter aqui perto. Peguei outras duas torradas e ele riu consigo mesmo.
− Festival de que? Eu estava por fora de tudo que acontecia aqui.
− É uma celebração que ocorre todos os anos, de poderes místicos. Nunca tinha ouvido falar sobre isso, só em livros ou em filmes de terror, mas Orlando ter essas tradições é novidade para mim.
− Poderes místicos? Mais coisas bizarras por aqui, por favor, não!
− Bruxaria melhor dizer. Ele parecia gostar disso, e lá se vem mais poderes do além.
− Nossa que fim de semana legal. Fui irônico.
− Ben, Vai ser divertido. Ele tomou o resto do suco que havia no copo e continuou. – Melhor que ficar em casa, eu acho.
− Então combinado! Falei, se ele se sentia bem por que não ir? Apesar de minha vida esta de cabeça para baixo, era melhor sair mesmo.
− Você vai gostar, tenho certeza. A campainha tocou.
− Pai, tenho que ir. Olhei o relógio sete horas em ponto, tomei o resto do suco e peguei mais uma torrada. – Até mais tarde e boa aula Ben.
−Tchau. Abri a porta e lá estava meu novo colega Henrique.
− Oi Ben, Dormiu bem? Ele sorriu.
− Melhor noite até agora, sem estranhos para me estressar. Sorri e dei uma tapa na suas costas. – Vamos?
− Vamos. Ele me entregou um capacete.
− Não sabia que tinha uma moto. Eu não sabia de muitas coisas.
− Você não sabia que era um guardião, agora sabe!
− Pois é. Nós sorrimos ao mesmo tempo.
− Então, tem pelo menos um milhão de perguntas?
− Acho que não, estou tentando levar uma vida normal até dezembro.
− Acho difícil, mas você que sabe. Subi na garupa da moto e seguimos ao Preparatório High School.
   A moto não corria e sim voava, ele dava cursas que parecia que íamos cair da moto, que ele era louco agora tinha certeza, mas estar com ele era legal, como se eu o conhecesse a tempo. Quando chegamos ao colégio, desci da moto e alguns alunos olhavam. Isto é novidade e todos aqui gostavam disso, motivos para comentarem o dia todo. “Os dois novatos que chegaram juntos.”
− Que jovens curiosos. Comentou Henrique.
− Você fala como se não fosse o mais curioso de todos. Ri comigo mesmo.
− Só um pouco, faz parte não é. Rimos, e olhei para o lado e Liza e Kah me olharam. Pensei em como explicar para meus amigos que o garoto que ficava o tempo todo me encarando é meu novo amigo, que mudança. Balancei a cabeça e segui junto com Henrique até a sala.
− No intervalo, vê se não foge quero te apresentar Ana. Falou antes que entrássemos na sala.
− Certo, pode deixar, estou ansioso para conhecer mais um guardião. Menti, eu não estava muito certo de que queria isso para mim, então não poderia demonstrar isso para ele. Entramos na sala e colocamos os capacetes em uma estante que havia perto da mesa do professor. Acenei para os estranhos e fui falar com Liza e Kah.
− Oi Pessoal. Coloquei minha mochila do lado da Liza. – Hoje a aula vai ser ótima, não acham? Falei apontando para o professor de Física.
− Oi Ben, novo amiginho? Falou Kaique num tom irônico.
− Quase isso, colega melhor dizer. Liza sorri. – Ele é bem legal. Tirando a parte de controlar a mente das pessoas e ser um guardião da terra, ri comigo mesmo. O Kaique me encarou confuso.
− Ben, pode se sentar. Falou o meu querido professor de física.
   A aula foi um tédio, mas pude entender o que ele falava, assuntos sobre eletricidade. Olhei de lado e o Henrique estava olhando, ele falou algo que pude entender. “Que aula chata.” Balancei a cabeça concordando. Nós sorrimos. Virei e o Kaique me olhava incrédulo, como se tivesse tentando desvendar algo. Depois que o professor saiu tivemos um dissimulado de história sobre a guerra fria e quem terminasse poderia ir para o pátio, não demorei a entregar e sai para o pátio.
− Você é rápido não é. Virei e vi que era a July.
− Estava fácil, você também acabou rápido. Dei um sorriso tímido.
− É, estava mesmo. Ela sorri. – Quando é que você vai passar um tempo aqui no colégio comigo e com meus amigos?
− Passar um tempo?
− Conversarmos um pouco, para nos conhecermos melhor. Ela abriu aquele lindo sorriso que me encantava.
− Você hipnotiza todos com esse sorriso? Acho que estava vermelho.
− Obrigada. Ela sorriu timidamente.
− Amanhã eu passo o intervalo todo com vocês, ai nos conhecemos melhor. Estava na hora de conhecer todos os estranhos, quem sabe eles não me contariam o que tanto fazem naquele pântano. E depois que o Henrique me mostrou aquele lado sombrio do pântano, não quero ir lá nem tão cedo.
− Então combinado, vou cobrar viu.
− Pode cobrar que cumpro rapidinho. Nós rimos.
− Tom! Disse July olhando para entrada do pátio e acenando para que ele viesse. – Não liga se ele for um pouco chato, acho que é da natureza dele. Ela olhou para mim e voltou a olhar o Tom.
− Oi. Falou quando chegou até nós.
− Oi Tom. Fui simpático.
− O professor de física piora a cada aula. Falou me ignorando.
− Também acho, ele já deveria ter se aposentado. Comentou July.
­− Ele ensina aqui faz tempo? Perguntei querendo puxar assunto.
− Acho que mais de dez décadas. Disse July sorrindo.
− O que vocês fazem nas horas vagas? As palavras saíram sem que eu pensasse.
− Vamos ao pântano, conhece? Disse Tom me encarando, o olhar dele era como se quisesse desvendar algo.
− Tom? A voz da July era de reprovação.
− Não, mas já ouvi falar. Dei uma pausa. – Dizem que lá é cheio de nevoeiros nesta época, e que já encontraram cinco corpos no lago. Eu não sei por que não ficava calado, mais meu instinto me mandava falar mais e mais, era como se eu estivesse agindo como um guardião a procura de outro.
− Foi bem informado, mas deveria ir um dia desses para tirar suas próprias conclusões, aposto que não ia se arrepender. Ele falava num tom cauteloso.
− Com certeza irei. Olhei para ele e percebi que seus olhos começaram a ficar todo preto, virei rapidamente e vi o Kaique.
− O que foi? Perguntou Tom.
− Tom, para com isso! Falou July.
− Tenho que ir. Levantei e fui em direção do Kah, ele parecia que procurava alguém até que encontrou meu olhar.
− Bem, precisamos conversar. Ele parecia nervoso ao olhar para Tom e July. 
− Aconteceu algo estranho com o Tom, que acho que reconheço, mas deixa isso para lá você não vai entender. Aquele olhar, seus olhos querendo desvendar algo... Tinha que falar com Henrique agora.
− Ben, você não pode andar com o Henrique! O Kah segurou meu braço.
− Kaique me solta! Puxei meu braço com força. – Quem você pensa que é para dizer com quem devo ou não andar.
− Ele não é uma boa pessoa, assim como os estranhos. Ele quer te usar. Sua voz havia mudado.
− O que você está falando, me usar? Eu agora não estava entendendo nada.
− Eles querem saber que poder você terá se forem bom eles vão querer você, se não, te chutam assim como fizeram comigo!
− Poder? Como você...
− Eu sou um dos Guardiões Ben.
− O quê? Como assim? Isso é loucura, Kaique ser um guardião.
− Não é loucura eu ser um guardião. Falou Kah como se tivesse repetindo o que eu tinha pensado.
− Repeti sim, por que eu consigo ler mentes. E em segundos caiu a fixa, ele é um dos sete guardiões que o Henrique havia dito, mas como era possível eu só me ligar aos guardiões. Tom tinha algo familiar com o olhar do Henrique quando me fizera ter aquele pesadelo, então quer dizer que Tom também era um guardião? − Sim ele é um guardião. Disse Kah.
    Já imaginou todos os seus segredos expostos na mente de alguém, aquilo que você mais tenta esconder de todos solto na mente de outra pessoa, atitudes que queira tomar, sonhos e pesadelos, tudo sobre você expostos a outra pessoa. Que mundo é esse! Eu não quero isso para mim, eu não quero ser um guardião, eu não quero nada disso!
−Kaique! Eu não quero isso para mim, eu não quero ser um dos 27 guardiões da terra!
− Então Ben, não queria te falar isso, mas se você não quer ser um guardião... O pesadelo que Henrique te mostrou vai se tornar realidade e você... Morre igual aos cinco guardiões que também não queriam ser um de nós.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Poor: LeonardoVicent

Estranhos: Medo Sombrio

Capítulo - 02
  
  Isso era loucura, não podia ser... Fechei a janela e a travei, Quem era ele? O que queria comigo? Não queria assustar meu pai, muito menos queria que ele pensasse que estava ficando louco, provavelmente ele iria dizer que estava imaginando coisas e que era paranóia, me enrolei no cobertor e não queria pensar que ele não era real, este garoto tinha que ser real e não um espírito, Não, não era espírito, era humano e queria alguma coisa, tentei não pensar em nada, mas parecia pior. Levantei e fui olhar novamente para ver se ele estava lá, mas por incrível que pareça ele havia sumido, respirei fundo e voltei para cama. A noite se foi, e quando amanheceu tomei um banho frio para tirar a preguiça e espertar, pois passei mais uma noite admirando a minha bela janela. Quando desci as escadas meu pai estava na mesa tomando café.
−Bom dia pai.
−Bom dia Ben, seu rosto está ótimo, para quem não dormiu de novo. Meu pai me encarou e virei o rosto. –Tem algo para me contar? Por algum motivo você não esta dormindo então qual seria?
−Ainda não me acostumei ao meu novo quarto. Só isso. Eu já estava acostumado a mentir para ele, e acho que ele não havia percebido nada, o garoto provavelmente não aparecera para ele, então não adiantava contar algo que nem eu sabia se era verdadeiro.
      No segundo dia de aula ao chegar ao colégio eu não estava, mas sendo o centro das atenções depois do acontecido de ontem. “Ainda bem” Suspirei. De longe vi dois do grupo de estranhos de ontem conversando com o grupo de jogadores do colégio, virei o rosto e continuei a caminhar até a sala 04 onde seria minha primeira aula.
−Ei! Alguém me chamava? Não reconheci a voz e me virei rapidamente. –Espera ai! Gritou de novo, meu coração acelerou, era o garoto de ontem que foi ignorante comigo. “O que ele queria?” Parei e respirei fundo. – Oi... É...  Queria eu pedir por ontem... Desculpas. Falou se interrompendo nas palavras.
−O quê? Eu estava confuso.
−Desculpa por ontem. É isso. Ele Suspirou. –Sou novo nesse lance de desculpas. Ele fez careta.
−Não se preocupe, já tinha esquecido. Menti.
−Meu nome é Berg e o seu Ben certo?
−Ben, isso mesmo. Quando olhei de lado os outros cinco integrantes do grupo vinham em nossa direção.  −Estou indo para sala. Falei baixando a cabeça.
−Espera! Quero te apresentar meus amigos. Esperei. −Oi pessoal, este é Ben. Falou Berg sorrindo.
−Oi sou July. Disse à garota que me defendeu do Berg ontem, como o Kaique disse, ela é linda. Não consegui responder, pois me encantei com seu jeito de olhar, senti meu coração acelerar, então tirei os olhos dela rapidamente.
−Oi pessoal. Acenei para todos.
−Ben, Estes são Hugo, Lyan, Tom e Dêssa. Falou Berg apontando para cada um. Hugo tinha um cabelo preto com um corte diferente e seus olhos também eram pretos, Lyan era Loiro dos olhos verdes parecia com July, deveriam ser irmãos, Tom tinha o cabelo espetado e seus olhos eram um verde com castanhos amarelado e Dêssa tinha cabelo preto escuro e olhos claros. Todos acenaram.
−Se a gente puder ajudar você Ben em qualquer coisa, é só falar. Disse o Lyan acho que se chamava assim.
−Obrigado. Sorri. Eles pareciam legais e não ignorantes e chatos quanto eu imaginava.
−Vamos entrar pessoal. Disse um professor que não conhecia.
−Se eu fosse você, sentaria lá atrás esse professor é um pé no saco. Falou Hugo.
−Se quiser dar uma passadinha na nossa mesa hoje, pode ficar a vontade. Disse July, abrindo um belo sorriso.
−Pode deixar. Pareci confuso.
−Estaremos Esperando por você. Disse ela por fim.
−Está certo. Sorri.
     Entrei na sala e tomei o conselho do Hugo e sentei na penúltima carteira, acenei para Liza e o Kaique e fiz um gesto de “Quero falar com vocês depois” Eles sorriram e comecei a prestar atenção na aula. Ele era professor de Educação física, começou a falar de ossos e já estava cansado desse assunto. Na antiga escola o professor nos fez decorar quase todos os nomes dos ossos do corpo, quando parou foi para chamar a atenção de uma novata que estava do outro lado da sala, ela se apresentou pra turma e virei para o outro garoto. Ele me olhava fixamente, seus olhos eram um preto bem escuro e aquele olhar parecia familiar, mas não sabia de onde, o professor chamou sua atenção mais ele não parava de me olhar, senti minha mente rodar, fiquei zonzo, coloquei a mão na cabeça e fechei os olhos.
−Se apresente para sala, como sua prima fez. Falou o Professor Wilson virei à cabeça e olhei novamente para o garoto. –Henrique. Esse é meu nome. Ficou em pé e sentou-se na mesma hora.
−Então você é tímido, certo? Ele estava com a cabeça baixa. –Quero ver por quanto tempo. O Professor pegou pesado com ele, não era, mas fácil ele me mandar ser o próximo a se apresentar, como Hugo disse ele já estava sendo um “Pé no saco”. O professor Wilson murmurou algo que não escutei e nessa hora o novato levantou a cabeça e encarou o professor.
−Ai! Virei - me e olhei para o professor Wilson que gritou e colocou a mão na cabeça, todos se levantaram quando ele se ajoelhou no chão de tanta dor, tentava gritar, mas não conseguia em seguida ele caiu no chão e todos foram em cima, nessa hora começou a gritaria nos corredores, olhei de lado e os dois novatos discutiam e a garota estava alterada, eles olharam pra mim ao mesmo tempo, ignorei os olhares e sai em direção à multidão que se formava entre o professor.
     Depois do incidente ele foi levado para enfermaria e uma professora de inglês entrou na sala, não prestei muita atenção, mas escrevi o que ela passou no quadro, achei muito estranho o que aconteceu com professor Wilson, olhei para o outro lado e vi que o novato novamente estava olhando balancei a cabeça e o sinal soou, levantei e fui até meus novos amigos Liza e Kah.
−Oi Liza, oi Kaique. Eles sorriram.
−Oi Ben, que loucura hoje não acha. Comentou Liza comigo.
−Coitado do professor Wilson. Disse Kaique.
−Gente ele caiu no chão de tanta dor, nossa! Eu não tinha palavras para descrever a reação do professor, mas tinha certeza que a dor que ele sentiu, foi algo que nunca tinha visto antes.
−Agora tem três novatos de outra cidade na nossa sala, o Preparatório High School está evoluindo. Brincou Liza.
−O garoto é estranho, tem algo nele que não sei explicar o que é. Ele passou a aula toda me olhando. Eu tinha que falar, eles agora eram meus amigos.
−Sério? Falou Liza.
−Todas as vezes que olhava ele estava me encarando.
−Quando olhei para ele, ele estava olhando para você, mas não percebi nada estranho. Comentou Kaique e ao mesmo tempo ele e Liza se encaravam. Olhamos para o novato e ele novamente me encarava.
−Vamos sair daqui. Falei. Liza e Kah se levantaram e fomos para o pátio.
−Ben, o que você queria falar, quando chegou? Disse Kaique. Depois de todo aquele ocorrido na sala, tinha esquecido completamente do que acontecera quando cheguei ao colégio.
−Vocês não sabem quem veio me pedir desculpas hoje. Acho que eles nunca iriam dizer que o Berg teria me pedido desculpas. Ri comigo mesmo, pensando na hora que ele se atrapalhou nas palavras.
−Quem? Liza pareceu curiosa.
−Berg! O Berg te pediu desculpas! O Kaique pareceu incrédulo, como ele adivinhou tão rápido?
−Isso mesmo, quando eu vinha para sala hoje de manhã ele me chamou e pediu desculpas, até July me chamou para ficar com eles hoje no pátio.
−Nossa! Espantou-se Liza.
−Que estranho. Falou Kaique.
−Estranho o que? Perguntei confuso.
−Nada, é coisa da minha cabeça. Falou rapidamente.
−Não liga o Kah é assim mesmo, maluco. Disse Liza e nós dois rimos.
−Ben, você vai falar com eles? Perguntou Kaique.
−Não sei, mas acho que vou sim, eles pareceram legais comigo.
−No começo é sempre assim, depois você realmente conhece quem são eles de verdade. Kaique pareceu sério.
−Por que você está falando isso? Perguntei sem entender onde ele queria chegar com aquilo.
−Promete uma coisa? O tom de voz dele havia mudado.
−Estou ouvindo.
−Não seja amigo deles. O Kaique me encarava. –Promete que não vai se juntar a eles. Eu estava confuso novamente por que o Kaique me pediu isso? Por que não podia me juntar a eles? Desde que cheguei aqui minha mente só tem interrogações, dúvidas que ninguém me responde e que ficam martelando em minha mente direto. Olhei para os estranhos que estavam do outro lado do pátio, eles me olharam e acenaram, virei para o Kaique e respondi o que realmente ele não queria ouvir.
−Não posso prometer algo, que sei que não vou cumprir.
−Eu temia que você dissesse isso. Ele baixo a cabeça e saiu.
−Kaique! Chamou Liza, mas ele não olhou e seguiu em frente.
−Liza, qual é o problema de sentar com os estranhos? Eu estava mal por ver o Kaique daquele jeito, não sabia o que acontecera para ele ficar assim, mas acho que ele não estava disposto a falar sobre o assunto.
−Ele não gosta deles, só isso.
−Não vou querer saber a verdade por você e sim por ele, sei que tem algo que ele não quer contar e não vou pressionar. Fui sincero, eu sabia que tinha algo por trás dessa raiva do Kah pelos estranhos, mas ia esperar o momento certo, onde ele mesmo contaria.
−Obrigado Ben. Ela me abraçou bem forte.
    Nas últimas aulas o professor de biologia passou uma revisão de sistema circulatório. A aula estava um saco, duas aulas pareceram dez. Acho que eu estava com a cabeça em outro lugar, esses dois dias no Preparatório High School foram bem malucos, cheios de mistérios, dúvidas que eu não conseguia responder, mas não havia só a escola, minha nova casa, minha nova cidade, meus novos amigos, tudo se relacionava a uma pessoa só. Eu. Parei de pensar um pouco e prestei atenção na aula.
−O som dos batimentos cardíacos é produzido pelo fechamento das válvulas depois que o sangue passa por elas. Alguém sabe me dizer como se chama o aparelho que nos permite ouvir os sons produzidos no coração? O professor olhou para todos.
−Estetoscópio. Virei e vi que o Henrique havia respondido ele me olhou e continuou. –O médico é capaz de perceber ruídos anormais, chamados sopros cardíacos.
−Exatamente. O professor pareceu satisfeito. –Estou gostando de ver, alunos bem informados.
    Quando soou o sinal, guardei meus livros na mochila e fui falar com Kaique, não queria que ficássemos distantes depois da nossa conversa pela manhã.
−Kaique, posso falar com você? 
−Não esquenta, não fiquei chateado.
− Sei que tem alguma coisa que você não quer me contar.
−Ben, eles não são confiáveis. Ele baixou a cabeça.
−Kaique, me dê um motivo e prometo que não vou mais falar com eles. Eu sabia que tinha algo que ele não queria me contar, com medo que contasse para alguém, mas eu nunca faria isso.
− Eles são assassinos!
−O que? Assassinos! Você está brincando não é. Como ele poderia falar uma coisa dessas, acusar os garotos de assassinos! Isso era loucura.
−Sabia que você não ia acreditar em mim. Por mais que eu achasse que isso era mentira, o olhar do Kah mostrava verdade, não parecia mentira o que ele estava dizendo. Mas não podia ser! Eles tinham 16, 17 anos. Como podiam matar pessoas. July assassina? Não, não podia ser o Berg era ignorante, mas não acho que ele faria isso.
−Isso é loucura! Suspirei e continuei. –Desculpa Kaique, mas acho que quem é o estranho é você, não eles. Se eles fossem assassinos, por que o Kaique não contara para todos. Se isso fosse verdade nem ele mesmo estaria estudando aqui, do lado de assassinos.
−Seria tão mais fácil você me entender e não se envolver com eles.
−Desculpa Kah, tenho que ir. Virei e segui, todos já haviam ido embora e eu não sabia o que pensar ou falar, tudo que o Kah me falou parecia verdade, mas eu não conseguia acreditar. Tentei não pensar nisso. Mas novamente me passou outras perguntas na minha cabeça, como já era de se esperar. Quem era aquele novato? Por que olhara tanto para mim hoje, sabia que aquele olhar era conhecido, mas de onde? E porque os estranhos falaram comigo hoje, como Kaique disse eles só falam um oi e só conversavam quando gostava das pessoas, então o que viram de mim? Ao chegar em casa teria mais perguntas e perguntas, então quando eu teria respostas? A única maneira de saber as respostas era falando com as pessoas que sabem e estão nelas, então amanhã falaria com os estranhos sim, quem sabe eu não me tornaria o sétimo integrante do grupo.
    Pela manhã o sol estava clareando todo quarto, meu pai tivera que sair cedo e eu iria de táxi. Sai um pouco mais tarde, com Elaide que me acordou quando chegou. Tomei banho, escovei os dentes, peguei minha mochila e sai às pressas. Dentro do táxi fiquei pensando no que falar para os estranhos, hoje as coisas seriam diferentes depois da conversa que tivera com Kah, nossa amizade provavelmente não seria a mesma e Liza ficaria do lado dele, os dois pareciam se gostar. –Eu não me importo na minha antiga cidade às coisas sempre foram assim, se escolher um, os outros deixavam de falar com você.
    Quando cheguei ao colégio, parecia que havia um muro em que teria que pular, mas se pulasse não poderia voltar. Fui direto para sala, ao chegar acenei para os estranhos, olhei para o lado e vi que o novato Henrique me encarava, seus olhos negros e o cabelo era um preto que parecia tingido, sua cor era moreno claro, aquele olhar eu sabia que já tinha visto em algum lugar, mas onde? Sentei em minha carteira e prestei atenção no que o professor dizia. Assim que acabaram as duas primeiras aulas, tivemos mais duas de literatura e quando o sinal soou para o intervalo, os estranhos saíram rapidamente e a novata, prima do garoto estranho saiu logo em seguida, como se tivesse seguindo eles. Liza parou em minha frente e Kaique chegou em seguida.
−Oi Ben. Disseram eles ao mesmo tempo.
−Oi. Fui um pouco arrogante.
−Ben, me desculpa por ontem, eu falei besteira. Kaique baixou a cabeça.
−Não se preocupe, nem lembro mais do que você falou. Sorri.
−Posso te dar um abraço? Perguntou.
−Claro que sim. Levantei e os dois me abraçaram. Vi que o Henrique passou rápido que pareceu um vulto, os meninos não perceberam, mas aquele garoto tinha algo muito estranho que dava medo, só de imaginar o que era.
     Passei a manhã conversando com Liza e Kah, contamos nossa infância, os micos e músicas que escutávamos que hoje ninguém lembra mais, foi muito divertido e percebi que os dois eram com certeza meus amigos e que nada poderia abalar essa nova amizade. Na saída me despedir deles e fiquei esperando que um táxi passasse, percebi que tinha esquecido por completo de falar com os estranhos hoje. Sentei no banco e vi vários alunos saindo da escola, uns iam a pé outros vinham à parada esperar o ônibus e os mais velhos iam seus carros. De repente em segundos meus olhos desviaram – se para frente, o garoto que me observara no colégio ontem e hoje, o estranho estava em minha frente me encarando com seus olhos sombrios, pretos e arrepiantes, desviei o olhar e olhei novamente e ele ainda continuava a encarar, não consegui distinguir aqueles olhos e por que estava olhando assim tão “estranho.” Fui tomado por uma angustia imensa, paralisado sem mover um dedo, só aquela imagem dos seus olhos vinha em minha mente, foi ai que percebi que conhecia aquele olhar. E por um segundo caiu à ficha, era ele o garoto da árvore, o estranho que rondava minha casa, o cara de quem eu tinha medo todas as noites que chegara a esta cidade, o novato da sala era o estranho que me visitava nas horas que mais tinha medo naquela casa. Não sei o que senti naquela hora, só senti meu coração gelar e uma dor no corpo muito forte, ainda estava paralisado quando ouvi alguém chamar, me levantei cambaleando a procura da pessoa que me chamara. Agora fui tomado por um medo obscuro que me fazia tremer a cada segundo que a mesma imagem vinha em minha mente, fechei os olhos e sentei novamente. Precisava de alguém, de um amigo porque as pessoas não chegavam a mim para perguntar o que eu tava sentindo? O que eu estava sentindo era Real? Levantei o rosto e ele vinha em minha direção, tentei gritar, pedir ajuda mais não conseguia nem abrir a boca, quando percebi, lá estava ele do meu lado.
− Não está se sentindo bem? Falou.
− Minha cabeça, meu corpo...
− Vem comigo Ben. Ele segurou meu braço e saiu me levando em direção do matagal que havia em frente ao Preparatório high school.
− Onde estamos indo? Eu estava confuso.
− Ben, está na hora de você saber algumas verdades que existe em nosso mundo!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Poor: LeonardoVicent

Estranhos: Medo Sombrio                                 
Capítulo 01

    À tarde em Sam Diego estavam chuvosa os dias sempre estão nublados, era inverno. Eu ultimamente estava pensativo já que irei me mudar neste fim de semana. Vou para Orlando uma cidade na Flórida, meu pai me transferiu para uma escola mais próxima da nova casa, e até agora eu estava me perguntando como era estranho entrar no meio do ano letivo. Naquela sexta-feira eu teria que mudar, a casa estava uma bagunça as maiorias das coisas essenciais estavam em caixas. Era minha primeira mudança em toda vida.
“Eu nasci em san Diego no estado da Califórnia, moro com meu pai willyan já que minha mãe morrera quando nasci. Não pergunto muito sobre ela, sei que isso o deixa triste. Quando pego a foto dela começo a chorar, sinto falta de uma mãe para me apoiar nas horas que preciso. Meu nome é Willyan Ben Júnior mais gosto que me chamem de Ben e não pelo primeiro nome, que é igual ao dele.”
       Sexta - feira, eu agora deixava minha casa para trás, só levávamos alguns pertences valiosos e o resto vendeu, já que tínhamos comprado uma casa com tudo dentro. Quando passávamos pelas ruas de Orlando, observava todo o território da minha nova cidade. Uns minutos depois meu pai estacionou seu carro enfrente de uma casa bonita que agora é nossa. Desci do carro e a – observei. “Ela é belíssima, havia uma árvore grande maior que a janela do primeiro andar...”
− Está vendo aquela janela? Falou meu pai apontando para mesma janela que eu observava.
− Sim, o que tem ela? Perguntei.
− Seu novo quarto vai ser ali. Ele deu um sorriso. Olhei para janela e percebi que havia uma janela menor acima, acho que tinha uns trinta centímetros.
− Que janelinha é aquela acima da minha, pai? Perguntei curioso.
− Um sótão, eu não fui lá ainda. Ele fez uma careta e continuou. – Acho que está imundo e cheio de poeira. “Ah. Aquela casa era antiga, agora eu tinha certeza. Por fora era perfeita mais por dentro tudo deveria ser nitidamente antigo.”
       Meu pai já havia pego as coisas e começamos a carregar tudo para dentro, assim que acabamos finalmente pude ver que a casa por dentro estava linda e impecável, provavelmente ele tivera pago alguém para limpa-lá. A sala era pequena mais bem arrumadinha, as cores da parede era um verde água, tinha um rack grande cor de marfim com uma TV de plasma, um rádio antigo e uns enfeites que não chamavam atenção, um carpete vermelho escuro que cobria toda sala e um sofá com três lugares. Perto da entrada para cozinha havia uma escada que nos levava ao primeiro andar, eu ficaria no quarto de cima e meu pai no de baixo já que não gosta de escadas.  Subi e levei minhas coisas para o quarto. Ele não era muito grande tinha uma cama de solteiro, um guarda roupa e uma mesinha para meus estudos. O chão era todo com cerâmica cor de gelo a mesinha tinha uma foto da minha mãe que eu ainda não tinha visto, meus olhos encheram de lágrimas e me recompus, Coloquei meu laptop e os livros sobre ela e já estava imaginando quanto tempo eu demoraria em organizar tudo, balancei a cabeça e comecei arrumando as roupas. 
−Bem! Gritou meu pai. –Vem jantar. Concluiu
−Já vou! Gritei o mais alto que pude.
       Eu já tinha arrumado meu quarto todinho então não demorei muito para descer. Havia um banheiro ao lado do quarto, quando sai do banho que coloquei uma roupa desci, meu pai já tivera colocado a pizza no microondas, sentei e comecei a comer, ele foi o primeiro a quebrar o silêncio.
−Gostou da casa?
−Claro pai, ela é perfeita. Disse empolgado.
−Suas aulas começam segunda-feira então não pense em não querer ir, você tem que passar de ano então nada de faltas. Quando arrumar uma empregada ela vai te vigiar o tempo em que eu não esteja, então vá se acostumado.
    Meu pai sempre foi de pegar no pé para os estudos, sempre me diz: Pense grande por que só assim Subira na vida. Assim que acabamos de jantar fui lavar as louças e ele foi assistir TV, enquanto lavava os pratos vi um vulto passar pela janela da cozinha não tive coragem de ver o que era ou quem era, não falei nada para meu pai, não queria preocupá-lo com besteiras. Logo que acabei guardei as louças e percebi que eram dez e meia, fui falar com ele antes de dormi e quando cheguei à sala ele já pegara no sono, desliguei a TV e o levei para o quarto, ele não abriu os olhos só caminhou para onde eu o levei, o coloquei na cama, tirei seu sapato e fechei a porta. Quando eu subi percebi que tinha deixado a janela aberta, senti um vento forte e gélido, me arrepiei ao chegar mais perto para fecha – lá, meu coração gelou quando percebi que alguém me observava encostado à árvore enfrente a janela do meu quarto, não deu para perceber quem era, pois usava um capuz preto só deu pra ver seus olhos negros e sombrios, ele não tirava os olhos de mim me encarava de um jeito que dava medo, fechei rapidamente a janela e a travei, deitei na cama e me cobri com meu cobertor. Eu não tirava os olhos da janela, meu pavor aumentava cada vez que as sombras dos galhos da árvore apareciam no quarto, senti um medo obscuro aquela pessoa não era normal, achei a casa muito bonita mais havia alguma coisa que eu temia algo que eu nunca senti antes, está casa tinha algo perigoso e minha curiosidade era tão grande quanto meu medo.
     A noite se foi e desci rapidamente a escada quando percebi que meu pai já tivera levantado, fui lavar o rosto para ele não perceber que eu não dormi a noite inteira, mesmo assim foi em vão.
−Você está com olheiras filho, não dormiu bem? Ele pareceu espantado.
−Fui dormi tarde. Menti.
−Não me lembro de ter ido pro quarto ontem à noite. Falou colocando as pizzas no microondas.
−Eu te levei pai. Falei pegando os copos e o guaraná.
−Ah, obrigado filho. Ele esperou um pouco e tirou as pizzas do microondas e colocou no prato. –Não vai precisar comer pizzas todos os dias. Disse com um tom de preocupação.
−Não me importo. Menti de novo, eu já estava enjoado de comer pizzas mais não queria que meu pai se sentisse na obrigação de contratar uma empregada.
−Já encontrei uma empregada pra cuidar da casa e do almoço. “graças a Deus” disse a mim mesmo e ele continuou. –Ela vem segunda-feira pela manhã. Falou comendo o seu ultimo pedaço de pizza.
      Na noite de sábado meu pai lavou as louças enquanto eu organizava minha mochila para segunda-feira que começaria as aulas, o estranho da noite anterior não apareceu, “eu acho”. Não tive coragem de ir à janela olhar, fiquei a maior parte do tempo respondendo meus emails e conversando com os meus colegas da antiga escola, não éramos amigos, amigos, mas gosto de conversar com alguém principalmente quando eles perguntavam as novidades, só assim passava o tempo. Fui deitar cedo, pois iria sair no dia seguinte. No domingo meu pai me levou para pescar com ele numa cidade vizinha, foi ai que pesquei pela primeira vez, foi bastante divertido ele pegou alguns peixes e eu nenhum, toda vez que achava que o peixe estava na isca, puxava antes da hora ou com tanta força que ele voava. Comemos besteiras no barco. Enfim a tarde se foi tão rápida que nem percebi. Estar com ele, era uma das melhores coisas do mundo, então qualquer programa “pai e filho” eu estava dentro. Na volta eu desejava ir para qualquer lugar do mundo menos para casa. “−O que aquela pessoa queria?” Era o que sempre estava me perguntando, mas nunca achava uma resposta convincente. O que era provável.
       Segunda - feira, eu agora me arrumava e pegava minha mochila para ir ao primeiro dia de aula aqui em Orlando. Desci as Escadas rapidamente e meu pai estava explicando como queria que a empregada arrumasse a casa.
−Bom dia pai? Falei.
−Bom dia Ben, essa é Elide nossa nova empregada. Disse sorrindo. –Chega de pizzas! Eu ri.
−Oi. Fui simpático.
−Oi Ben, seu pai falou muito bem de você.
−Ele que é o melhor pai do mundo. Dei uma pausa e continuei. –Pai estou no carro, não demore quero chegar cedo ao primeiro dia de aula. Falei abrindo a porta.
−É rápido, já chego.
−Está certo. Fechei a porta e fui para o carro. Eu achava a Mercedes Benz do meu pai linda e sempre dizia a ele que ela seria minha quando pudesse dirigir aquela cor Cinza prateada, sem palavras. Imagino eu, dirigindo ele pelas ruas...
−Vamos? Disse ele interrompendo meus pensamentos com o meu futuro carro. Nossa! Sai até bonito “Meu futuro carro.” Sorri comigo mesmo.
−Vamos.
−Quando acabar as aulas pegue um táxi e entregue este papel ao motorista. Ele me entregou o papel com o endereço da nossa casa, coloquei no bolso da calça.
−A escola é longe?
−Não, mas como não posso te buscar é melhor você vir de táxi. Concordei balançando a cabeça. Ficamos calados o resto do caminho, três quarteirões depois chegamos ao Preparatório High School. Abri a porta do carro e acenei para meu pai.
−Boa aula. Disse acelerando sua bela Mercedes.
    O colégio era grande tinha três andares, o estacionamento nem se fala no tamanho, havia várias janelas de vidro por toda a escola, na entrada tinha umas árvores bem altas e bonitas alunos encostados sobre elas, uns estudando, outros eram casais bem melosos pelo visto, tinha também uns bancos de madeira onde cabiam quatro pessoas. Caminhei até a secretária, pelo caminho acenei para uns grupos de amigos, uns respondiam, outros mal olhavam. A moça da diretoria foi bastante gentil, me entregou uma folha com todas as minhas aulas e as salas, a primeira aula era de física na sala 13. Fui caminhando pelos corredores do primeiro andar e perguntei a uma garota onde ficava a sala, ela disse que iria para lá também então a segui.
−Como você se chama? Perguntou.
−Ben. Sorri. –E o seu?
−Elizabeth, para todo caso Liza. Ela sorriu. –Você é novo na cidade ou não?
−Nasci em San Diego Califórnia, mas agora sou de Orlando mesmo. Nós dois rimos.
­−É aqui nossa sala. Falou apontando para o número 13 bem grande colado na porta.
−Obrigado.
    Entrei e sentei na primeira carteira que estava vazia, percebi que algumas pessoas olhavam então, abri o caderno e comecei a rabiscar unas folhas limpas. Assim que o professor chegou mandou eu me apresentar à turma, eu sempre odiara física e agora o professor também. Quando ele saiu entrou uma professora de geografia, ela foi legal a maioria das vezes. O sinal soou e todos levantaram – se. “Refeitório.” Pensei comigo mesmo, guardei meus livros, peguei a mochila e sai para o pátio. O pátio estava cheio como eu imaginava. Todas as mesas e bancos eram com azulejos brancos e amarelos, tinha um jardim bem pequeno na esquerda e um balanço para casais, tinha árvores pequenas por toda área provavelmente para dar um charme extra. Hoje pareceu ser meu dia de sorte havia uma mesa vazia perto do muro a direita, caminhei até ela, coloquei minha mochila em cima e sentei no banco na mesma hora senti um arrepio, virei e percebi que todos me olhavam, balancei a cabeça, abri o caderno na matéria de física e fui responder uns exercícios que ele passara na aula de hoje. Rapidamente vieram duas perguntas em minha mente. “Por que todos me olharam quando sentei aqui?” e “Eu fiz alguma coisa errada?” Dei outra espiada por cima do ombro, mais só algumas pessoas olhavam. Logo as perguntas que martelavam em minha mente sumiram e enfim pude ler e responder as perguntas de física.
      Eu acabara de responder as três questões de física, pelo menos não precisaria responder quando chegasse a casa, fechei meu caderno e virei. Agora todos me olhavam e para um grupo que vinha em minha direção, percebi que uma garota falava algo que não entendia, mas a reconheci “Liza” a garota com quem falei ao chegar ao colégio. Desviei os olhos para o grupo que vinha em minha direção eram quatro ao todo, um deles parecia estar bravo com alguma coisa abri minha mochila para guarda o caderno.
−... Eu sei July, mas é impossível me controlar com ele. Ainda pude ouvir o que um deles falava, levantei a cabeça e os quatros me olharam.
− Quem é você? E o que está fazendo aqui na nossa mesa? Falou o cara de cabelo castanho espetado.
− Desculpa, eu só... Não sabia...
− Saia daqui agora! Gritou o garoto.
− Berg! Advertiu a garota dos olhos verdes. Eu não sabia por que aquele garoto estava me tratando mal, só por sentar em sua mesa do pátio?  Levantei e fui saindo.
− Espera! Falou novamente a garota. – Ignora as atitudes dele, não valem à pena. Nessa hora virei – me e olhei para ela, seu rosto era tão lindo, seu cabelo ondulado loiro, fiquei impressionado com sua beleza ela sorriu e acenou dando tchau.
− Pode deixar. Sorri e acenei também dando tchau. Comecei a caminhar e quando passei pela multidão todos olhavam e faziam seus comentários bobos não dei muita importância só não gostei do modo como aquele garoto me tratou, como se eu não fosse um nada...
− Ei! Chamou uma garota, não reconheci a voz, mas quando virei vi que era a Liza que estava sentada com um grupinho de amigos então fui até eles.
− Cara você é louco! Falou uma menina que estava do lado e Liza.
− Ele é novato. Disse Liza para garota.
− Não entendi. O que... Comecei a falar mais a Liza me interrompeu.
− Vamos para sala? Falou ela.
− Vamos. Disse por fim, o que eu queria saber provavelmente a Liza queria me contar bem longe daqueles amigos dela. Eu acho.
− Gente vou para sala, tchau. Falou Liza.
− Tchau. Falei e acenei para o grupo. Eles sorriram e acenaram também.
     Ao sair olhei para o grupo estranho, mais agora tinham seis e não quatro, tentei não se lembrar de como aquele garoto foi arrogante comigo, virei o rosto e caminhei em silêncio até a sala. Sentei na minha carteira e Liza pegou sua cadeira e colocou do meu lado, ela também chamou um garoto que estava do outro lado da parede, ele veio até nós.
−Onde você estava Liza? Ele fixava os olhos nela.
−No pátio o tempo todo.
−Kah esse é o Ben, Ben esse é o Kaique. Liza nos apresentou rapidamente.
−Oi. Sorri. Ele acenou com o rosto, parecia preocupado com alguma coisa ou estava tentando entender não sabia o que...
−Kah, Ben sentou-se à mesa dos estranhos hoje. Disse Liza, acho que seria a manchete da semana “O garoto novato que sentou onde não devia” soou até engraçado meu pensamento, ri comigo mesmo.
−Eles fizeram alguma coisa? Kaique parecia curioso, me senti na obrigação de contar o que tinha acontecido.
−Eles chegaram e foram ignorantes, na verdade só foi um que me tratou mal, o de cabelo espetado.
− Berg. Concluiu Liza.
−Você percebeu que eles são desta sala? Falou Kaique.
−Não! Eles são desta sala? Fiquei surpreso.
−Lógico que você não percebeu mal olhou pro lado, eles estavam lá atrás. Disse Liza.
−Eles são populares? Perguntei.
− São sim, eles falam um “Oi” para algumas pessoas, mas nunca tem um diálogo só quando gostam das pessoas, são muito ignorantes. Explicou Kaique e continuou. –A maioria dos garotos acha Lívia e Dêssa as mais bonitas do colégio e as garotas acham a mesma coisa dos meninos do grupo, só que ninguém vai até eles por terem medo de serem esnobado. Acham todos estranhos e chatos apesarem de ser populares, não só no colégio mais na cidade inteira, ou até fora.
−Dizem que eles... Vão direto para um pântano aqui perto da divisa. Disse Liza.
−Que pântano é esse? Fiquei curioso, um pântano em Orlando que interessante.
−É perto da divisa, lá é cheio de árvores enormes, tem um lago extenso e dizem que já foram encontrados mais de cinco ou foi seis corpos boiando nele, e nessa época a nevoeiros direto onde não se ver nada, quando digo nada é nada mesmo. Falou Liza pausadamente e continuou. –Dá um calafrio só de passar por perto. Aquilo parecia mais uma história de terror e o jeito que ela contava, me dava arrepios.
−Não é tão assustador assim Liza. Disse Kaique querendo ri.
−Mas eu não sou louca de ir para um pântano nesta época, de ventos fortes e nevoeiros direto estou em meu juízo perfeito. Liza o encarou.
−Eles devem ter seus motivos. Agora o Kaique estava defendendo os estranhos.
−Qualquer motivo que fosse eu não iria para um pântano, muito menos a noite. Isso é loucura. O tom de voz de Liza estava alterado. Parece que começou uma confusão entre eles, mas a Liza tinha razão eles eram estranhos, loucos e chatos pelo visto, uma pessoa normal não iria a um pântano à noite principalmente nesta época como ela falou. Os dois se encararam por uns segundos e me olharam ao mesmo tempo.
−Eu estou com você Liza. Teria que ficar do lado de alguém e fui, mas verdadeiro que pude.
     Quando o sinal soou um professor de química entrou na sala, eu não era fã da matéria, mas dava um crédito extra. Gostei de ter conversado com Liza e Kah, eles pareceram ser legais. Os estranhos não assistiram às últimas aulas e quando o professor nos dispensou, guardei meus livros e cadernos na mochila. Acenei para meus dois novos colegas de classe e caminhei em direção a saída. Peguei um táxi e fui para casa.
     Quando sai do banho que coloquei uma bermuda Jens, uma camiseta e desci para almoçar. Enfim chega de pizzas! Elide já colocara a comida no prato, sentei e comecei a comer.
−Vai querer o suco de laranja agora? Perguntou ela aparecendo na porta da cozinha.
−Vou sim. Falei saboreando a comida, ela abriu a Frízer e pegou uma jarra de suco. ­–Você tem filhos Elide? Perguntei enquanto ela colocava o suco em meu copo.
−Tenho sim ele é da sua idade. Ela pareceu triste. –Está bom o almoço?
−Está uma delícia. Ela pareceu sair satisfeita com meu elogio. Feijão preto com arroz refolgado, bife acebolado, com meu suco preferido, não tinha como não está perfeito.
    À tarde fiquei lendo um livro que havia comprado antes de vir para cá, respondi uns emails e dei uma estudada nas páginas do livro de química que o professor tinha passado para aprofundar o assunto. Quando meu pai chegou venho falar comigo.
−Ben, Posso entrar? Falou batendo na porta.
−Entra, está aberta. Respondi.
    Eu estava deitado na cama jogando no Laptop, ele entrou e sentou na cadeira da mesinha, fechei o Laptop e me sentei.
−Gostou do novo colégio? Perguntou um pouco curioso.
−Tirando a parte do professor chato de física. Ele me encarou sério então continuei. –Ele me fez se apresentar para a turma, só isso. Ele riu.
−Pensei que estivesse dando trabalho no colégio.
−Com isso não se preocupe, você sabe que não sou desses.
−Claro que sei. Esses anos todos você nunca me deu trabalho, não ia ser agora depois de velho que você iria fazer isso não é. Balancei a cabeça que não. Ele riu e continuou. –Gostou da Elide?
−Sim, sim e sim e a comida nem se fala.
−Sério? O que você comeu hoje no almoço? Perguntou desconfiado.
−Fala sério pai! Você disse a ela meus pratos preferidos, não vale.
−É. Eu assumo. Nós rimos. –Vamos jantar?
−O que tem para janta hoje? Estava entusiasmado.
−Bom não deu para Elide preparar o jantar de hoje, então... É... Comprei pizzas...
−Ah não! Não deixei terminar e continuei. –Pizza de novo não, ninguém merece. Explodi. Ele agora dava gargalhadas, fiz careta.
−Ben você disse “eu não me importo comer pizzas direto.” Ele deu outra Gargalhada e continuou. –Na verdade você odiava comer pizzas assim como eu. Eu o encarei sério.
−É brincadeira filho, Elide preparou tudo é só esquentar. Deitei-me e fechei os olhos. –Vou tomar banho e você não estiver lá embaixo... “Já vêm as ameaças.” - As refeições de amanhã só serão pizzas. Estou falando sério.
    Assim que ele saiu, eu desci e esquentei as comidas. Quando terminamos o jantar lavei os pratos e seguida tomei um banho, coloquei minha roupa de dormi e fui para o quarto. Abri o Laptop e fui olhar novamente meus emails, mas não havia nenhum, de repente me bateu uma curiosidade na conversa que tivera com Liza e Kaique hoje, sobre o pântano. Entrei no Google e digitei “Pântano em Orlando.” Olhei os mais visitados e meus olhos se fixaram em um pequeno trecho... “Já foram encontrado cinco corpos...” Cliquei no sit.


Maldição ou Medo
“Já foram encontrados cinco corpos no lago, dizem que se alguém entrar no lago é amaldiçoado ou morto. O corpo mais recente encontrado foi de um jovem de 16 anos, seus pais se mudaram de Orlando e venderam a casa com tudo dentro.”
     

    Senti um arrepio quando acabei de ler. –Será que esta casa era dos pais desse garoto? Esse quarto era dele? Fechei o Laptop rapidamente. – Isso é besteira Ben, existe várias casas em Orlando. Falei em voz baixa. Ergui a cabeça balançando negativamente para tirar essa loucura da mente e fui fechar a janela, olhei discretamente à árvore da frente de casa para ver se aquela pessoa da primeira noite voltaria. Um calafrio percorreu pelo meu corpo e para piorar minha noite, lá estava ele. Parado e me olhando fixamente.